quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Lá fora faz um céu claro. De olhar, eu tive a impressão de poder ficar ali apenas observando e acreditando que não cansaria nunca daquilo. Tentava identificar as constelações, mas  tudo que via fazia algum sentido. Cada agrupamento se apresentava como uma. Aqui, restavam três pessoas, as quais dormiam ou estavam tão quietos, absortos em seus pensamentos que davam a impressão de estarem todos dormindo, num repouso que trazia inveja aos meus olhos. Todos em si. E eu emanava tudo de ruim que havia dentro de mim. Parecia estar sendo expurgado. Me sentia leve e calmo. Mas nunca esperava o repouso. Aqui, eu sentia que zelava por eles. Para que não deixasse que nada acontecesse enquanto se afogavam em sua tranquilidade. E o mais frágil se erguia solitário. Se fazia forte ali.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Eu sinto sua falta.penso ser até mais do que você imagina.Sim,eu tenho medo sim de ir praí e acabar por ficar sozinha mas,ao contrário de você,meu medo não ultrapassa minha vontade de ir.Tanto pode dar muito errado como também ainda pode dar certo.o que eu não quero,o que eu tenho medo de verdade é de daqui alguma tempo eu lembrar de você com remorso por não ter mais uma vez tentado,por perceber que nós na verdade nunca conseguimos,de fato,ficar juntos,que nossa relação foi uma soma de tentativas interrompidas por infortúnios.tenho muito medo de não conseguir consumar mais isso que nós temos,medo de te perder,isso sim seria um caminho sem voltas,não eu ir pra portugal.me lembro quando você disse algo como preferiria morrer a ter que me perder e agora é mais ou menos isso.eu não sou feliz aqui,isso não foi só um argumento pra sensibilizar minha mãe,é verdade.e agora,está cada vez pior.eu não ando conseguindo me concentrar,não tenho ânimo pra nada direito,queria estar estudando mas não tenho conseguido nem ir pra aula,queria terminar sua tela e olha que tem isso.. 

love letter sempre fez sentido.
   Monstro,   

         Sonhei com você hoje. 
         Tá, é gay, bem gay, eu tenho consciência disso; mas vamos ver o meu lado: tô na TPM, naquela fase de experimentar todas as roupas do guarda-roupa e não querer sair com nenhuma, ver propaganda de cachorrinho e chorar e ficar ouvindo a mesma música brega do Michael Bublé no mp3 o dia inteiro. E, não questionando suas habilidades perceptivas, acho que já deu pra descobrir que essa também é a fase de falar coisas sem sentido.
        Enfim, voltando ao assunto sonho. Foi um sonho bem leve, disso eu sei. Agora já são quase 10h da noite, então é óbvio que eu já não me lembro mais dos detalhes, do enredo (?) e tals e nem é isso o que interessa. Acordei com saudades e vontade de chorar (gay); e eu confesso que umas duas ou três lágrimas acabaram caindo contra a minha vontade... 
        Ah, Harry... Podem dizer o que for. Você continua sendo uma das minhas pessoas preferidas. Eu até tenho vontade de conhecer pessoas novas e eu torço, de verdade, pra aparecer pelo mais mais uma, durante toda a minha vida, que possa me marcar tanto quanto você. Parando pra pensar (odeio essa expressão), nosso tempo de convivência foi curto pra caramba, o que contribui bastante pra teoria conspiratória que algumas pessoas fazem de que eu só gosto de você do jeito que gosto porque me afastei ou a de que eu valorizo mais a nossa amizade que você. É que realmente não faz muito sentido, entende? 
        Sei lá.
        Eu sei que você não vai responder isso e nem é o que eu quero. 
        De verdade, eu quero é que você saiba que, independente do Atlântico entre nós (q) e de todas as coisas que inevitavelmente acontecem e que fazem com que as nossas vidas tomem rumos opostos, eu nunca, nunca vou ter a memória tão ruim ao ponto de esquecer quem você é. 
         É desse Harry que eu nunca vou esquecer, entende? Do menino que brigava comigo por me achar dependente demais, que me ensinou a gostar de Naruto e a brigar com as pessoas quando eu queria alguma coisa; do que me passava medo com o Hannibal e me negava abraços. Não sei se é por você sorrir tão pouco que eu me sinto tão especial por ter te visto sorrir. Ou por ter te visto chorar. 
        
         Credo, não era a minha inteção que isso ficasse tão grande...

         Não é pretensão dizer que, sem dúvida nenhuma, esse foi o e-mail mais mal escrito de toda a minha vida. Eu sei que, se reler, eu vou achar ridículo, desistir e não te mandar. Então, por favor, ignora os erros, as orações sem nexo e a linguagem extremamente vulgar, tá? As palavras só vieram... e eu fiquei com preguiça e receio de questionar e pensar em frases bonitas e de efeito. 
 
        Sabe aquela parte do Harry Potter? Aqueeela, do Dumbledore e do Snape? Do Patrono? Sabe, né. Eu sei que sabe. Então... Um "Sempre", do mesmo jeito.
        
        Saudades, seu maldito. 
Felipe . diz
q q sua maãe sabe sobre mim?
érico diz
que você é um perdido na vida
que voltou pro brasil por conta de uma menina
e se fodeu
acho que é mais ou menos a ideia que ela tem.
Felipe . diz
é...

Esses desenhos são testemunhas.  Se eles pudessem falar muita coisa mudaria.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

This place is set to break

It's just as safe for me outside tonight
And I want that
I face the storm's apetite
From the lighthouse

And I want that

I embrace the storm and the night
Whole

What do the waves have to say?

What do the waves have to say now now?
Slow now
I let the waves have their way
Now now
Slow
I let the waves have their day

Here I've been living unloosened from sin

Upward and outward
Begin, begin

Here I've been loosened, unliving within

Inwardly urgent
I'm sinking again


The lighthouse - Interpol 
E eu digo que ninguém sabe como ele se sente. Parece duas pessoas ao mesmo tempo.Quando ele tenta sorrir se transforma completamente. O conheço já faz um tempo. Quando ele fala aquelas coisas sobre coração de pedra, eu sinto pena. Dá pra ver que é mentira, mas ele consegue manter a postura. Isso já aconteceu antes e nunca conseguiu superar.. As coisas são difíceis. Eu o vi antes e o vejo agora e nunca imaginei que veria isso acontecer de novo.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Não há o que falar sobre o dia. Apenas folheei tudo que já escrevi e sinto pena.
''São todas sobre mulheres. Como são as mulheres quem carregam o mundo nas costas. Elas cuidam das coisas reais enquanto seus homens infelizes andam sem rumo, aos trancos e barrancos, arranjando confusão. Ou então ficam deitados sem fazer nada.''
[...] tenho me sentido em um estado de alerta constante.. como se algo ruim estivesse acontecendo nesse exato momento. Acho que sei o que se passa.. Não tenho com quem falar sobre isso. Nem a quem recorrer. Desta vez estou mesmo só. Você precisa ser forte, meu caro. Esse é o momento em que você mais precisa de estabilidade. As pessoas sabem disso e mesmo assim, partem com o que resta de meu coração. Não sei se mereço tudo dessa forma. 
Você tem que aprender, meu caro. As coisas nem sempre sairão como o planejado. Tente ao menos ser forte... Você sabe que é, e sente isso.. Você a ama. Mas ela tem evitado te ver. Então tente aceitar isso. Não precisa deixar de amá-la. Por que você sabe. Até isso acontecer... Muita coisa passará em sua frente...
[...]
-então eu, sua avó e seu avô não somos nada perto dela. Ela não é única coisa no mundo. O natal ficou sem graça depois que seu tio morreu.. Você sabe disso. É cada um pro seu canto...  Coitada da velha, meu filho.
-desculpe eu não conseguir ir... 
http://www.youtube.com/watch?v=TIIrRgxD2oY

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Todos viam um homem muito feio. Todos viam um homem muito feio fumando. Ele fumava e sua única alegria era expelir fumaça. Sempre estava no mesmo lugar na mesma posição e sempre um cigarro na cavidade que não trazia um único dente. Era uma cavidade amarela e podre. As pessoas passavam por ele e sempre era a mesma coisa. Todos pensavam em como ele havia dinheiro para tantos cigarros. Nunca pediu uma esmola. Nunca falava ou perturbava ninguém. Fumou tanto até que virou fumaça e ninguém nunca mais soube o que foi feito dele. Mas o cheiro... o cheiro nunca abandonou aquele lugar maldito.
should i leave again?
O telefone tocou e eu atendi... Olhei o número e desanimei. Isso tem me preocupado bastante ultimamente. A preocupação que tem mostrado comigo. Não sentia isso há anos, ainda mais vindo de quem não demonstrava isso de forma clara e certa. Tem me assustado, pelo fato de que ela não sabe a extensão daquilo que tenho sentido. Se soubesse, já havia mandado uma força especial pra me arrancar daqui e me levar embora. Eu não falo. Não falo por saber que isso agravaria ainda mais suas preocupações e eu não quero isso.. Isso me deu uma porrada muito  grande.. Acho que está muito óbvio que aquilo que mostro, é uma mera tentativa.. Isso a preocupa. Deve ter me ligado mais na ultima semana, do que nos últimos anos. E todos os dias eu invento desculpas e sempre falo de forma evasiva, tentando usar um tom de voz que há muito se perdeu dentro de mim. Ela sente o buraco dentro de mim. Eu saí de dentro dela. Sua insistência tem consumido minhas forças. Venho seguindo por um caminho mais calmo e mais hipócrita, é claro isso, mas venho me segurando como já escrevi e disse milhares de vezes, da melhor forma possível. Tem dado alguns resultados. Insiste e tudo soa bonito demais, fácil demais... e eu  só consigo sentir medo. Sinto medo de partir, mas é como se eu não pudesse mais evitar isso. A pressão tem sido grande demais por parte dela, a situação aqui está dramática... Me apego a cada pedrinha que vejo pra me segurar aqui, mas tem sido mais forte..

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

- Preste bem atenção nessa cena.
Ela o observou e ele apenas riu e acenou com a mão, fazendo um gesto de adeus. Não via mais seu rosto. Ele virou as costas e não olhou uma vez para trás. Ela partia e ele tentava achar um motivo para não partir.
Acordei hoje e não quis levantar. Daí fiquei de sacanagem com a minha cara. Criei um monte de conversas em minha cabeça e fiquei puto. Uma delas me machucou pra valer. Estupidez.

domingo, 12 de dezembro de 2010

"Ainda não caiu a ficha que você vai embora. Não caiu a ficha que talvez hoje, seja a ultima vez que te vejo.''

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tudo reside na importância que damos aos nossos sentimentos. Pensamos que é grande coisa, porque de fato acreditamos nisso. Damos tamanha importância por que acreditamos que nossa vida é só isso. E não é. Mas ainda estou longe de adotar essa postura. Acho que ainda não sou capaz. Tenho que parar de usar "acho". No fundo eu tenho certeza do que se passa aqui dentro. E quando digo que acho é só apenas para que soe como uma dúvida e tudo isso fosse mais fácil de se aceitar. Não é e tenho certeza disso. Então não faz o menor sentido tentar me enganar. 
''Um garoto corria, como se o diabo o perseguisse, ou algo pior, se é que existe. Não. Nada o perseguia. Não tinha forças para correr daquela forma. Mas corria. E correria até a exaustão. Aí viria o grito de desespero que assustaria mães, cães e passáros. O grito era apenas a verbalização daquilo que explodia em sua cabeça. Parou e devido ao esforço da corrida somado com o grito, caiu. Ficou ali um bom tempo, sentou-se na calçada. Fazia um pouco de frio naquela noite de julho."
"Fazia frio naquela madrugada de verão. Durante o dia o calor era sufocante, as vezes  torna-se tão denso que quando as pessoas saiam de algum recinto fechado, sentiam o impacto quando apontavam na rua. Na praça rodeada de prédios, uma mulher de roupão rosa passeava com seu cão. Ela trazia algo preso à cabeça e um cigarro em seus lábios. O cão fazia suas necessidades. Escutou um estrondo em uma das portarias e um garoto saia correndo feito louco. O cão ficou intrigado, pronto para atacar e a mulher ficou impassivel. Observou a cena até que o garoto saísse do seu campo visual. Terminou seu cigarro. Esperou o cão estar pronto. E como já era acostumado com aquilo, já tomava o rumo de casa. ''Bom garoto", dizia a mulher. Entrou em sua portaria e lembrou-se do rapaz que corria. Antes da porta ser fechada por completo um grito rasgou a noite. Já devia passar das quatro da manhã. A mulher estacou. Sentiu um arrepio e tentou imaginar o que havia acontecido. Pensou no rapaz. Aquele grito não era de dor física. Ela tinha certeza daquilo. Talvez pela forma como tudo havia ocorrido até aquele momento. Olhou em direção a praça na espera de ver algo, mas nada... Nem sinais do rapaz. Pensou um pouco e viu que era perda de tempo pensar nisso. Que diferença faria  saber o que tinha acontecido? Nenhuma. Nenhuma relevância em sua vida. Sentia frio e fechou sua porta. Dentro de mais quatro horas estaria ali de novo "
Respirar fundo não adianta. Ler e ouvir essas coisas é uma tremenda cilada. Eu deveria ficar fulo mas não fico. Amor próprio, meu caro. Não sei as outras pessoas estão certas. Eu torço para que não. Por que se assim for...
Eu não sei se eu estou certo. Então não dá pra tirar alguma conclusão. Mas que essas coisas machucam, isso é verdade. Não sei é... Enfim.
Que palhaçada.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

completamente embriagado. me jogarei ali na vaga esperança de ter um resto de noite tranquilo.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

a sério. tem hora que eu penso em parar de dormir de vez, pra nunca mais ter que sonhar com essa porcaria.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Pra que cair em cada buraco que aparece pela frente. Vai gostar de se lascar assim lá longe.
Bem, vamos tentar de novo. Vou tentar deixar de lado o ataque que me assolou há algum tempo. Levantei-me e fui dar um volta. Acho que estou mais calmo. Naqueles momentos em que estou abalado fico meio preocupado e assim esqueço um pouco daquilo que realmente tenho sentido.  As coisas parecem quem estão voltando ao normal agora...
Eu falei de medo. De insegurança... Eu queria mesmo era falar de como me sinto. Mesmo sabendo que não preciso falar a respeito disso, uma vez que tudo que tenho feito reflete o que vai em meu íntimo. Vou ainda tirar um dia e escrever sobre o que se passa e sobre o que realmente penso de forma clara. Para que tente esclarecer o máximo possível daquilo que tem acontecido. E isso não diz respeito somente a mim.
Tenho tentado me segurar da melhor forma possível mas tem sido uma batalha árdua. Tenho sofrido muito com isso, com essa luta. Lutando contra eu mesmo. É um embate que tem destruído muita coisa. Não tenho certeza do que sinto. Varia muito. São etapas estranhas mas tudo é um ciclo. São sentimentos aleatórios que vem e vão. E toda hora o mesmo sentimento consegue fazer com que eu me sinta diferente. Sinto me triste. Sinto raiva e as vezes ela é tão grande que eu simplesmente caio em um choro tão intenso que a raiva se dissipa em lágrimas e tudo vira uma tristeza que me esgota. Aí vem mais lágrimas que me esgotam ainda mais.  Aí eu fico com raiva de mim por me sentir tão estúpido aí eu sinto raiva de outra pessoa por me fazer parecer idiota até aos meus próprios olhos. Não queria me sentir assim.
Eu me sento aqui e fico pensando durante praticamente o dia todo. Tentando achar uma solução ''linda e simples'' pra melhorar minha vida. Infelizmente, eu não sou o tipo de pessoa que tem a vida resolvida com tanta simplicidade. Até acho que a vida de ninguém deveria ser resolvida assim. Se insistem nisso, não há nada que eu possa fazer.. Apenas olhar e ver tudo com descrença.
É o que eu tenho tentado fazer. Eu sei o que é perder e sinto isso muito. Me arrependo tanto que me afogo. Mas o fato de me arrepender não significa nada. Isso não é algo que...
Como disse, eu tenho tentado me segurar da melhor maneira possível. Ando encontrando algumas distrações. Hoje por exemplo foi assim. Nunca tinha percebido como organizar minha casa me ocupava plenamente. Aliás, talvez isso só tenha acontecido hoje. Mas foi só por duas horas isso, ainda tinha mais 22 horas pra me segurar. Mas acho que mesmo se eu arrumasse todo os outro 68 apartamentos do prédio não faria o mesmo efeito que consegui aqui. Hoje estudei e o tempo todo em que lia sobre romantismo, pensava em minha vida e minha situação. Não pensava só em mim. Não faço isso tem muito tempo.. embora pensem isso.
Não existe maneira de convencer ninguém. Tentei fazer isso em vão antes de ontem e acabei por me passar por mentiroso ao dizer a verdade. Acabaram achando que eu era de fato, um cretino e eu não queria que fosse assim. Eu tentei me redimir e acabei por cravar minha sentença de vez. Por outro lado, ouvi coisas que me confortaram mas foi só no calor da conversa que isso ocorreu. Quando isso passou a realidade inundou tudo e eu me senti a pessoa mais só do mundo. É assim que eu tenho me sentido. Sozinho.
Tentam me animar. Me ligam e perguntam  como eu estou. Acho que sabem como eu odeio esse tipo de pergunta. Se a resposta fosse: ''tá tudo bem, cara.'', uma pessoa mais esperta não precisaria olhar em meus olhos para ver a verdade refletida ali. Minha voz tem o tom da tristeza. Tento me mostrar calmo mas é como... nem sei uma metáfora legal pra colocar aqui e tentar dar uma beleza fria pra o que escrevo. Não tem como isso aqui ser bonito.
Eu tenho ficado louco com essa situação. E isso é fruto de minha cabeça. Fico evitando isso de todas as maneiras, mas sempre caio nas armadilhas que minha cabeça teima em me colocar. São coisas feias que vejo. Talvez nem seja tão feio assim. Talvez seja pior... Pensar nisso dá cabo do pouco de sanidade que tenho tentando a todo custo manter.
A vida tem seguido o seu curso natural. Todos tem seguido seus caminhos e os meus, não me levaram a lugar nenhum. Pelo menos não levam. Eu fico aqui parado. E disso, eu só tirei um pouco de aprendizado barato que não cola. Pelo menos não cola com quem interessa. Acho que eu não sou arrogante. Eu pelo menos não tento ser. Jogaram na minha cara que eu sou vaidoso. Talvez pensem que eu só tento manter o que sinto vivo dentro de mim por um capricho. Tentei de todas as formas imagináveis achar uma resposta pra isso e não consegui. E acredito que não sou vaidoso. Eu pelo menos espero que não. E se sou , ainda não percebi isso. Se alguém aí concordar, me avise e tente me explicar. Tenho tentado conversar e só caio em um labirinto sem portas.
Tenho tentado separar as coisas. Engraçado como tudo só soa como tentativa. Mas é, me esforço ao máximo para me manter em linha reta e equilibrado. Melhorei bastante isso. A sério. Quando me olho no espelho eu vejo isso. Agora eu só não sei se isso é mais uma peça pregada. Se é uma maldita ilusão dessa cabeça de merda. Droga...
Não sei no que acreditar. Não sei no que me apegar. Me apeguei demais em meus sonhos, mas eu mesmo acabei com eles. Eu que odeio as peças que minha cabeça prega. Preguei uma peça contra mim mesmo. Me enganei esse tempo todo e acabei por me estuprar. Fui estuprado por minhas ações. Pela confusão causada por anos de tormentos que remontam uma época em que eu nem sabia que era possível ficar assim.
Acredito que seria muito fácil guardar tudo que tenho aqui e pegar um avião e atravessar o atlântico de volta. Mais uma vez. Facilitaria muito estar longe daqui. Mas eu deixaria meu coração aqui de novo. Aí, eu teria que aprender a avançar na vida sem ele ou achar algum outro órgão para o substituir... o que o manual diz, é que quando isso acontece, você deve pegar uma pedra e por no seu lugar. Eu julgava que o meu era assim. Frio e cinza. Bem, ele é, mas de forma seletiva. Hoje eu deixo ele por conta própria e ele andou ficando tão encantado de uma forma tão fácil e isso trouxe muito sofrimento, e não fui o único a sofrer. O meu sofreu mais do que imaginam. Muito mais do que possam imaginar... Hoje eu...
É engraçado.. Estava ali fumando e quando voltei eu dei uma olhada em minha casa e vi a organização. Sempre falam que o primeiro passo é organizar algo, nem que seja o guarda-roupas para dar o primeiro passo em uma mudança em sua vida. Vejo essa organização aqui e não sinto nada de diferente. Quem já me viu aqui dentro e são poucas pessoas sabem como eu lidava com essa organização. Será que era tão difícil perceber que eu realmente tentava mudar tudo que vinha acontecendo? Sim, é difícil pensar e olhar por esse prisma. Acho que já chegaram a pensar que eu preferia arrumar tudo e ignorar quem estava ali comigo. Agora.. com toda a minha sinceridade.. Acho injustiça de minha parte pensar isso.. Perdão.
Eu tenho a impressão constante que quanto mais falo, quanto mais escrevo eu só pioro a situação. Pois eu sinto, do fundo do poço que estou, que não faz diferença nenhuma. E isso devia impelir eu parar com essa palhaçada. Tenho evitado todo e qualquer tipo de contato e isso tem me matado. Me sinto doente constantemente.. É falta... Eu sinto sua falta.
Eu queria saber o quão forte nós realmente somos.. ou o quão fracos... Queria saber até que ponto poderíamos levar essa situação. Até que ponto posso aguentar? Eu posso aguentar.
O tempo todo eu me vi tendo de lidar com problemas que não eram meus... E eu nunca tive ninguém que pudesse me amparar e eu nunca procurei por alguém com esse intuito. Nunca quis que isso afetasse minhas relações. Mas eu não fui capaz. E também não foram...
E eu descobri que não se foge dos demônios apenas saindo de casa. Isso explica muita coisa. Preso no passado se morre a cada dia.
Não sei por que escrevo. Não  sei por que eu fico aqui esse tempo todo. O mundo tá além da porta que se encontra atrás de mim e eu estou aqui sentado no escuro. Não sei por que eu estou nessa situação. Sei sim. Opção. É muito fácil sair dessa. Como disse, a porta tá ali atrás e eu me encontro cheio de possibilidades de trocar um vício por outro. É sempre assim. Vamos ficar só? Vamos tirar um tempo pra pensar em nós mesmos? Vamos levar um tapa na cara e não reagir. Opa, estou chegando perto da realidade. Minha realidade é essa e sem distorção nem nada. Minha realidade é a minha rotina. E minha rotina é  minha vida perdida e desinteressante. Perdida é uma palavra forte. Eu acho bonita, a palavra. Não a ideia. Mesmo ela parecendo aceitável em alguns casos. Quando se fala em falta de esperança, ela cai bem. Encaixa bem. Eu não sou um cara tão "desesperançado" como eu tento parecer. Eu sempre fui uma pessoa de esperança. Sem fé mas com esperança. Que febre é essa? Esses surtos de escrita agora tão me deixando encabulado.
Sei que consigo. É preciso não sentir medo. Mesmo que isso faça com que me torne a pessoa mais infeliz que existe. Medo. Qual é o significado? Cada um leva sua consideração a respeito. Cada um tem sua opinião, que, na maioria das vezes, se baseia em suas próprias experiências. Fazemos o que dá. Junta um trapo aqui, outro ali e assim vamos construindo nossas ideias. Medo. Só se faz estupidez com isso. Medo. Só afasta aquilo que a gente tenta não temer. Opta sempre por aquilo que parece mais confortável. Eu desde sempre nunca fui assim.  Sempre soube disso. E, mesmo assim as coisas caminharam pro lado torto e deformado. E assim minhas decisões foram tomadas. Quando eu pensava que faria o bem, causei o mal. Quando quis passar segurança a insegurança veio rindo e me estuprou. Acho que essa sensação foi uma das mais comuns e presentes. Ser estuprado.
Não sei, a maioria das coisas que já escrevi foram afetadas por todo o desespero do calor dos momentos. Por todo o maldito medo que tento extirpar agora. Ha-ha! Que grande monte de merda! Acho que as coisas que mais me assustam hoje é fazer as coisas pensando em mim. Até parece. Não é medo. É apenas não saber como lidar com isso. Sabe, acostuma-se com uma vida baseada em preceitos de, tudo aquilo que se faz é por um motivo. E tal motivo... Eu aceitei os motivos, se é que se pode dizer no plural, sem esperar algo em troca. Aliás, esperava. Mas nunca foi muita coisa. Aquilo de mais simples que se pode esperar. Basta olhar no dicionário e vai estar lá. Ideias simples. Conceitos básicos. Que não precisavam de muita interpretação para serem compreendidos. Infelizmente, a forma como sempre tratei tudo afetou isso. Até as coisas mais simples, conseguiram sair ao controle. E esse é o ponto. As coisas comigo são facilmente contaminadas. Viajar em uma estrada toda esburacada com o carro cheio de nitroglicerina, seria mais fácil. Que drama, meu amigo.
Corri de meus temores a vida toda. Quando vinham até mim com os problemas , eu aceitava todos. Sem nem pensar duas vezes. Aliás, não precisava pensar. Eu pegava aquilo que não me dizia respeito, de forma direta, e aceitava com uma verdade incorruptível. E isso só foi piorando com o tempo. Só foi ficando pior. Mas aí que se mostra o outro lado. Os problemas aceitos foram apenas uma cruel consequencia, daquilo que já existia.  O buraco era mais profundo do que sempre aparentava. Eu chorava e ninguém ouvia. Eu ouvia e nunca entendi de fato, por que chorava. Se via algum pedinte na rua, pedia a Deus que ele vivesse pra sempre. Na tentativa de fazer o bem, eu acabava condendando o infeliz a viver a vida toda na miséria. Pedia a imortalidade, pensando que aquilo aliviaria a dor. Como? se eu tivesse pedido: ''Ó Deus, mate aquele cretino." Eu teria sido mais bondoso e justo. É meu caro, você sempre condenou na tentativa de ajudar. É. Isso explica muita coisa. Ou não. Sempre distorci meus pensamentos e ideais, por uma falha em minha cabeça. Meu carinho sempre foi cheio de espetos e eu sempre que abraçava enfiava uma faca nas costas de quem vinha até mim querendo um abraço amigo. Parei de abraçar. Parei de mostrar o que sentia. Inconscientemente eu continuava agindo de tal forma atroz. Meus atos sempre possuídos pela minha mentalidade doente.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

 O fato de já ser dezembro me assusta, e muito. Esse ano praticamente não existiu. Muitas mudanças durante um ano tão efêmero. É difícil assimilar tudo. Foi tudo tão rápido. Acho que posso contar mais um ano perdido. Se a vida não ameaçasse acabar em um piscar de olhos, talvez eu aceitaria isso melhor. Não que me importe com o fato dela se extinguir assim, mas é que realmente, tem sido uma sequência de anos perdidos. É tudo repetição de repetição. Sempre. A cabeça mudou bastante mas isso ninguém nota. Ninguém se importa. E eu já não quero que vejam. Basta eu saber disso. Ao menos eu tenho consciência daquilo que se passa aqui dentro. Isso deveria bastar. E basta. Só não sei como encontrar o caminho. A resposta sempre se encontra onde sempre esperamos. Mas sempre camuflada, escondida atrás das coisas mais triviais e por isso ignoramos.
O ano vem chegando ao fim. E muita coisa finda com ele. Não vou falar que espero uma reviravolta magnífica na vida. Muito pelo contrário. Encaro esse término com um  grande pesar e descrença. Não adianta falar que é fácil, que é simples. Talvez seja. Até agora minha cabeça não percebeu isso, ou não aprendeu. Deficiente como sempre. Não faço a menor idéia das expectativas pro próximo ano. Não sei o que os outros esperam. Mas a cada dia que passa eu tenho mais certeza. Cada dia que rumamos ao futuro as coisas só parecem piorar. Não espero mais nada.
As coisas são simples. O problema reside nas soluções. Não dá pra esperar nada de ninguém.
"Stein um Stein
Mauer ich dich ein
Stein um Stein
Mauer ich dich ein
Stein um Stein
Mauer ich dich ein
Stein um Stein
Und keiner hört ihn Schrei'n"

terça-feira, 30 de novembro de 2010

acordo e a sensação que tenho é de estar sendo afogado. acordo sempre assustado devido aos pesadelos que me aterrorizam a noite toda e me fazem chamar por certo nome. me sinto completamente impotente, por não poder fazer nada contra isso. acho que meus amigos estão rindo muito de mim, ao me escutar gemer a noite toda. me olham com um misto de pena e gozo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Não acredito na discussão de meus problemas, não acredito mais em troca de pontos de vista, estou convencido, de que uma planta nunca enxerga a outra.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Eu venho aqui com o corpo destroçado pela doença e isso não chega perto de como o meu coração se encontra. Se meu corpo incomoda, que incomode mais! O desespero me acompanha e eu temo pelo que possa acontecer nessa situação. Eu não tenho credibilidade. Meus atos, os escassos atos que foram bons, já não existem mais, e foram largados em um bau bem velho, jogado no fundo de um poço tão profundo, que mal se ouve o barulho da água quando uma pedra é jogada dentro dele. Lá no fundo também encontra-se meu coração. O arranquei, na esperança que outra pessoa tomasse conta dele melhor do que eu. Hoje eu vago por aí, com o peito aberto, sangrando e sangrando. Meu sangue é derramado pelas ruas, e a cada gota que perco  minhas fraquezas ganhem mais força. Não me sinto em condições de levar a luta a diante. Meu frágil corpo hesita toda vez que um embate surge e não posso contabilizar muitas vitórias a meu favor. Queria pensar em meu bem estar. Em soerguer meu corpo o mínimo possível e encarar a luta de igual pra igual. Infelizmente, minha fraqueza mental impede que eu lute de maneira justa. Aceito sempre a culpa e sempre tenho as palavras atadas em momentos de arguição. Nessas horas eu sempre sou atacado por todos os lados, por todos os anos e por quem eu mais amo.  Não vejo motivo pra lutar contra isso, lutar contra quem... Porém, a luta não é justa. O reparo deveria se sobressair. Na tentativa de uma possível restituição de minha honra. Andei de mão dadas com o abandono durante bastante tempo e andei muito. Demorei até perceber por que aquilo nunca largava minha mão. Hoje, eu tenho ele dentro de mim, como um cancer. O que eu tinha de bom, aos olhos de quem interessa, foi tomado por isso, e eu me vejo em uma situação de completo abandono. Virei um monstro.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

fato

se penso em mim, e somente em mim, como hei de explicar como cheguei em tal situação? se assim fosse, talvez as coisas estivessem voltadas à outra direção, onde, por um feliz acaso, onde eu não me veria em uma situação tão adversa.

sábado, 20 de novembro de 2010

presente de aniversário

Fixando o chão eu caminhava em direção à minha casa. Deparo com dois pezinhos em minha frente.
- Me dá um real pra eu comprar um lanche.
Olho e vejo dois rostos sujos. Rotos devido à cruel situação em que se encontravam. Estaquei e fiquei sem saber como reagir. Enfiei a mão em meu bolso e tirei a carteira. Abaixei e me coloquei na mesma altura de ambos. Eram irmãos. Claúdio Júnior e  Pedro. 
- Você está triste tio? - perguntou pedro, o aniversariante.
- Sim. Você estuda, Pedro?
- Ahan, faço a primeira, segunda e terceira de uma vez só.
- Peguei esse dinheiro, mas me prometa que não sairá da escola. Meu irmão se chama Pedro e fez aniversário semana passada. 
- Hoje é meu aniversário. 
Então eu que nunca gostei de aniversários, falei que me abraçasse. Ele me abraçou e disse: 
- Deus te abençoe, tio. Não fiquei triste.
- Você tem sorte Pedro.
Não sei por que disse aquilo. Era evidente que ele não tinha sorte. Ele estava ali pedindo dinheiro pra comer ou pra fazer algo pior. Não podia o recriminar. Sua mãe observava com atenção, seus dois filhos conversarem com um estranho rapaz. Eles ficaram comigo uns cinco minutos.
- Eu não abracei meu irmão, Pedro. E te abracei.
- Que Deus te ajude, tio. 
- Eu preciso mesmo de ajuda.
- Eu senti isso. Posso te dar outro abraço?
Naquela hora, eu senti um nó tão apertado que me sentei no chão. Me abraçou e foi pra loja de conveniência. Me levantei e tomei o rumo de casa.  Acendi um outro cigarro e escutei um grito. 
- Tio, obrigado! 

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

eu poderia simplesmente escrever uma porção de coisas aqui que me vem à cabeça agora. Depois de tudo que foi mais uma vez remoído e massacrado essa noite. Porque escrever tudo isso aqui? Fico nesses monólogos monótonos aqui e nunca obtenho resposta alguma. Por mais que soe bonito aos ouvidos e olhos de outrem. Eu fico aqui, escrevendo no escuro com a mágoa ameaçando transbordar meu corpo medíocre. Ela não transborda. Ela rasga e destrói tudo até um ponto onde eu chego a beirar a insanidade. Devia aceitar essa maldita insanidade e colocar fogo em tudo e não me importar. Mas eu me importo. Eu realmente me importo.              
a noite toda foi  uma merda... e eu queria que você estivesse comigo. aliás, nem foi uma merda. merda foi quando eu cheguei aqui.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Aquele papo furado romântico... aquelas baboseiras infatis... mas o rapaz estava desesperado com suas ambições em ruínas, tendo de encarar o fato de que não tinha condições de fazer a única coisa que sempre quis, e fugiu numa tentativa impetuosa de se redimir diante dos próprios olhos.
"Há anos que penso nisso,e a única explicação semi-razoável que encontrei é que existe algo errado comigo, uma falha no mecanismo, uma parte danificada que emperra as engrenagens. Não estou falando de fraqueza moral. Estou falando da minha cabeça, da minha constituição mental. Agora sou um pouco melhor, acho, o problema pareceu diminuir à medida que fui ficando mais velho, mas naquele tempo, eu andava com a sensação de que minha vida nunca havia pertencido de fato a mim, que eu nunca havia existido de fato, que eu nunca tinha sido real. E, como eu não era real, não entendia o efeito que eu tinha sobre os outros, o dano que eu podia causar, a mágoa que eu podia infligir às pessoas que me amavam.
Na hora que comecei a me afastar dela, a atadura que cobria minha ferida caiu, e aí o sangramento não quis mais parar. Saí atras de outras mulheres porque sentia que havia perdido alguma coisa e tinha que recuperar o tempo perdido. Agora estou falando de sexo, nada mais que sexo, mas não era possível sair por aí e agir do jeito que eu agia e ainda esperar que ela ficasse de pé ao meu lado. Eu a enganava a mim mesmo pesnado que seria assim. Ela me aceitou de volta... mas todos aquele anos desperdiçados. Pensar nisso me deixa louco. Meus namoricos, minhas sacanagens babacas. Que foi que isso me trouxe? Umas poucas emoções baratas, nada de importância verdadeira  - mas não há dúvida de qu e elas lançaram as bases para o que veio em seguida. "                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
tudo que eu me esforço ao máximo manter fora de meus pensamentos vem à tona em meus sonhos. é uma luta incansável e eu gasto todas minhas forças durante o dia, me forçando um pouco de felicidade enquanto evito que isso passe pela minha cabeça.  essa luta é injusta. é injusto me esforçar tanto para que sem mais nem menos isso volte assim. é duro ver que o time dela tá dando show sem mim no elenco.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Forçado

sinto um sono estranho e tenho medo disso.

''por deus nunca me vi tão só
é a própria fé é o que destrói
estes são dias desleais''

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pulmão frágil

Não é frágil pelos cigarros e outras coisas que mandam coisas ruins lá pra dentro. Muita coisa ruim entra e não é só o pulmão que filtra. Há coisas muito piores e os estragos vão além de um pulmão escuro. Os cigarros que estão presentes não afetam só os pulmões. Afetam a forma de pensar. O equilíbrio. O apetite. Na permanencia em casa. Na relação com as pessoas. Agora por exemplo, ele afeta meus pensamentos. Olho à minha esquerda e deparo com meu olhar caído. Deparo com meu rosto desfigurado e triste no espelho. Olho pra mim mesmo ali no reflexo e esperava ver outra coisa. Esperava ver uma pessoa sorridente devido a noite que tive. Adentrar esse mundo aqui tem sido difícil. Esse quarto é repleto de lembranças que doem. E eu fico aqui a noite toda recriando passos que já segui. Mas sempre o intuito é tentar que a sensação seja a mesma. E nunca é e nunca vai ser. Se o pulmão hoje é frágil é por uma opção. Opção de recusa. Recusa de ajuda. As pessoas estendem a mão e falta o ar para conseguir o impulso de apanha-la. Jogam corda, chamam a guarda nacional. E ninguém é hábil o suficiente para arrancar a pessoa ali do fundo. Ela criou raizes, laços, vínculos tão profundos que são tão inflexiveis que nem ele mesmo hoje seria capaz de quebrar. Realmente, é tudo uma questão de opção. Talvez seja por achar que se trate de uma virtude. Mas que diabo de virtude é essa que não faz bem a ninguém? Que tipo de virtude é essa que só machucou quem amo? Que diabos vem a ser isso? Eu sei por se tratar de mim. Eu sei, por que sou eu quem comete todos esses erros. Que joga tudo pro alto e não fica no lugar  exato esperando aquilo que supostamente cairia no mesmo lugar. Eu corro e corro pra longe e tudo cai ali, onde eu me encontrava. E quando olham ao redor em busca de mim eu já não estou mais lá. Estou longe. Fora do alcance. E as pessoas ficam procurando debaixo de cada pedra, atras de casa poste. E só encontram as minhas lembranças que ali se encontram. E eu fico lá do horizonte vendo as pessoas catarem minhas lembranças, tentando criar a partir delas, boas lembranças. Isso é impossível. Quando eu me sinto mal, eu volto lá na esperança de encontrar as mesmas pessoas que ali estiveram à minha procura e tudo que vejo são as suas costas. Cansaram. Eu tento correr mas o pulmão falha e eu caio no meio do caminho e fico ali mesmo. Na espera que alguém tente me jogar uma corda. Isso demora mas quando acontece volta tudo ao normal e todos os circulos se iniciam novamente.

O desenho e o leitor

Um jovem leitor recebeu certa vez um desenho. Feito em um papel retangular e em caneta preta. Não possuía uma forma certa. Era um desenho composto basicamente de rabiscos, curvas e detalhes minuciosos. Assustou o rapaz no princípio pela forma complexa e pela maneira que havia sido concebido aquele desenho. Ficava cabulando sobre o que aquilo representava, se aquele desenho era a  projeção do íntimo daquela garota silenciosa que sempre o acompanhava. E foi aí que achou aquilo tão bonito e complexo. E ali, aquele desenho o acompanharia para todo o sempre. Desde então, o desenho passou a fazer parte da vida daquele jovem leitor. Nunca havia conseguido manter um marca páginas por tanto tempo e nunca havia tido um tão bonito. O desenho entrou em cada livro que o rapaz leu. Ele sempre o carregava para onde fosse. A autora daquele desenho ficou distante e partiu.  Mas o desenho permanece. Ele faz com que o jovem a encontre em cada linha que lê. Do desenho emanava a existência e presença dela. Cada curva que ali se encontrava, naquele desenho confuso, cada volta, cada detalhe, criava uma ilusão de que ela voltaria. Mas ela sempre existirá naquele pedaço de papel.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Lapso de consciência

Parar e analisar tudo o que se passa e tem acontecido nos últimos tempos não é uma coisa difícil de se fazer. Levando em conta a torrente de impropérios que uma pessoa é obrigada a escutar durante alguns dias - seja com ou sem razão - faz com que qualquer um se revolte ou se entristeça profundamente. Acreditar que todo mundo é honesto e sempre diz a verdade é um dos principais problemas que nos afligem. E é quando algo assim acontece que uma pessoa desespera e tenta escrever e tudo que sai são um emaranhado de pensamentos confusos e sem lógica. Parece ser o caso aqui. Todo mundo mente. E de forma descarada. Esperar que as pessoas sejam iguais a você, é uma dos piores erros que alguém pode cometer. E eu, estou triste de novo,  e isso vai impedir que eu prossiga com esse tanto de merda...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O sol levantava-se e a luz a cada segundo a luz tomava conta de tudo. Deitado de barriga pra cima observava tudo. As coisas foram ficando mais nitidas e era uma boa hora para se levantar. Os mesmos pensamentos de sempre corriam em volta da cabeça. As vezes um ou outro ameaçava romper a grade que se encontravam e quando isso acontecia, uma dor percorria o corpo. Era sempre o mesmo teimoso de sempre, que apesar de todas as recriminações não tomava jeito. Era difícil lidar com ele. Não era como os outros. Esse ia além da rebeldia. Era mau e gostava de machucar. Ele era um câncer. Contaminava tudo com sua perversidade e não importava o quanto lutava para o controlar. Ele sempre daria um jeito de se esquivar, ou de se esconder até que as coisas se acalmassem e pudesse voltar a dar trabalho por aí. Sempre se aproveitava de alguma fragilidade de seu hospedeiro e vinha querendo mostrar um pouco de compaixão. Chegava e o abraçava, dizia que tudo ia ficar bem e por um segundo, a pessoa acreditava. Mas quando uma luz, por mais tímida fosse iluminava aquele malandro, suas verdadeiras intenções eram reveladas como um raio-x. A batalha retomava e sempre após cada  trégua, ele ganhava forças. Ele não seguia um padrão e esse era o problema. Era impossível prever de que forma ele agiria. De quais fraquezas ele se aproveitaria. Se ergueu como um gigante e dessa vez ele sentiu que não haveria luta. Não naquele dia.

domingo, 7 de novembro de 2010

Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!
Do leito embalde no macio encosto
Tento o o sono reter!… já esmorece
O corpo exausto que o repousou esquece…
Eis o estado em que mágoa me tem posto!
os traços mudaram o rosto não é o mesmo olhos fundos e vermelhos as olheiras se sobressaem a febre não abandona e corpo treme treme treme treme de medo de dor de tristeza de raiva de angustia de tudo tudo assusta tudo dói e é um circulo vicioso que não se vai os traços mudaram o rosto não é o mesmo os olhos fundos e vermelhos as olheiras a febre o medo os tremores ah isso já aconteceu antes.

domingo, 24 de outubro de 2010

wish you were here

"We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"

                                    pink floyd

Vende-se

Um rapaz magro, de cabelos longos e de semblante soturno, jantava ao lado de sua companheira. Ela era uma das pessoas mais bonitas que já vi. Era uma mulher de pele bem clara. Olhos castanhos. Cabelos escuros. Na camiseta dele, lia-se: ''Vende-se Delorean.". Delorean deve ser um automóvel, eu imagino, pois havia um carro como estampa. Eles sentavam-se lado a lado, o que eu creio não ser comum. Não sei sentavam-se assim para ver o jogo que era transmitido, ou se era uma opção. Acharia mais bonito se fosse uma opção. Passei a noite observando tal casal, não sei ao certo por qual motivo prestei tanta atenção. Talvez tenha sido por eu estar longe de quem sempre me acompanhava quando  ia àquele restaurante. Dela emanava um carinho calejado. Dele, uma seriedade singela. Ela, aparentava passar por cima daquilo. Ele, se deliciava com ela ali ao seu lado, mas mantinha a inexpressão em seus olhos. Lá no fundo notava-se um certo brilho. Brilho que eu creio, seja de quem tem certeza que aquela pessoa ali ao seu lado, nunca o abandonaria, pois ela o aceitou como ele de fato era.  Nos olhos dela, notava-se uma perseverança que as vezes, dava sinal de se extinguir, mas que no fundo, perduraria eternamente, se ela desejasse. Ele sentia isso. Eu sentia aquilo. Por alguns minutos eu me senti bem por eles, mas eu poderia estar completamente errado, não? Mas permiti toda essa suposição. Eu queria que alguém estivesse ali comigo, encostando seu queixo em meu ombro e o beijando. Que chegasse perto, com o intuito que eu passasse a mão por seus cabelos. Tentava não pensar nisso. Meus companheiros notaram o  meu interesse pela mesa em minha frente, e é claro que lá no fundo, pensavam que eu só olhava a mulher. Estive o tempo todo interassado no conjunto que formavam. Era uma imagem bela. Cada movimento deles, parecia sicronizado. Eles pareciam irmãos. Falavam com a mesma entonação. Quando levantaram-se eu notei no corpo de ambos. A mulher quando se sente bem em um relacionamento come bem. Seu corpo era a projeção de seu relacionamento. Com certeza, aqueles dois estavam bem. O rapaz era magro como eu, demorava a comer como eu. Eu me vi naquela mesa. Demorando  muito tempo para comer enquanto ao lado, alguém me observava e comentava: ''Você demora demais a comer.". Sairam dali sem darem as mãos. Os passos dela eram ligeiros. Ele tinha o caminhar de quem sente dificuldade de abandonar seu território e adentrar o mundo exterior. Fixava o chão. Mas sabia exatamente onde pisar, pois alguém que se encontrava em sua frente, o guiava. Sairam dali e eu permaneci sentado. Apenas os observei de longe sentindo saudades.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

II

"A luz estava acesa. Passava da meia noite. Uma mulher se agitava de lá para cá. Estava brava com o filho. Que havia tentado deixar de fazer seu dever. Ela o castigara, forçando-o a fazer o dever durante a madrugada.  Na sala, passava o programa do Jô. No quarto, um garoto magro, de olhos fundos, brincava com os óculos. Achava engraçado ver sua mãe brava, andando de lá para cá, arrumando a casa durante a madrugada. Gostava daquilo. No quarto ao lado dormiam o padrasto e a irmã mais nova. Padrasto que era pai. A mãe gritava de lá e o menino fingia aprumar-se. Não queria saber de dever de casa. Queria ficar ali. Não queria acabar, pois quando acabasse,  as luzes seriam apagadas e ele teria que lutar contra o medo, até cair no sono. Não, ele queria ficar ali até o sol nascer. A mãe vinha e sua mão também. O garoto chorava. A mãe berrava. Aquilo era normal já. Havia habituado-se. No quarto ao lado, o padrasto acordava e gritava: "Pára de bater no menino, são uma da manhã!" E isso só deixava a mãe mais nervosa. Ficava que nem uma barata tonta de lá pra cá. Ia arrumando tudo que via pela frente. Lutava para manter-se acordada para que o filho cumprisse suas obrigações. O menino voltava a brincar  com os óculos e sabia que  se a mãe o pegasse ali,  apanharia de novo. Assim a madrugada seguia."    

Song to the Siren

On the floating, shapeless oceans
I did all my best to smile
til your singing eyes and fingers
drew me loving into your eyes.
And you sang "Sail to me, sail to me;
Let me enfold you."
"Here I am, here I am waiting to hold you.
Did I dream you dreamed about me?
Were you here when I was full sail?
Now my foolish boat is leaning, broken love lost on your rocks.
For you sang, "Touch me not, touch me not, come back tomorrow."
Oh my heart, oh my heart shies from the sorrow.
I'm as puzzled as a newborn child.
I'm as riddled as the tide.
Should I stand amid the breakers?
Or shall I lie with death my bride?
Hear me sing: "Swim to me, swim to me, let me enfold you."
"Here I am. Here I am, waiting to hold you."

                                                                    john frusciante

Metamorfose

Metamorfose

"Do tempo de onde não mais pássaros voavam
De como o suave calor matinal não se sentia
Num estupor de impunibilidade e pura inquietação
Me veio como sinal

Não obstante no tempo da ecdise dos escorpiões
Elísias estepes me encurralaram
E como se ilegitimidade se tornasse realidade
Me veio como escudo

O plácido lago azul se fez por pouco tempo
Na breve calmaria as estepes viraram montes
Montes chamados sala de aula
Me veio como aprendiz

Com uma pedra lançada a tormenta chegava
Em tempos de dilatação das impossibilidades
Um gigante me desafiou
Me veio como reposta

Nas lembranças de um futuro
O sol brilha sem arder
Às mudas apenas a nostalgia
Das salas de aula só restaram a Arcadia
Tempestade que virou brisa marinha
Me veio como só ela sabia vir a mim"


Barion Santos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

I

"Pela janela conseguia ver que seria um dia nublado, ou pelo menos uma parte dele . Estava tudo um caos, ao começar pelo quarto. Mal havia como andar sem pisar ou furar o pé em algo. Abria os olhos mais ainda não conseguia ver nenhum propósito em levantar-se. Em um colchão fino, jogado em meio tanta bagunça. Havia uma cama,mas o barulho insuportável e o medo de cair, devido aos pesadelos, o impedia de dormir. Passava a maior parte do tempo sem fazer nada. Ninguém sabia ao certo quais eram seus planos, muito menos ele. Ao despertar tudo isso invadia sua mente de uma forma avassaladora. Assim iniciava mais um dia. Já era outubro e com certeza o céu derramaria algumas lágrimas naquele dia."

9:23

Eram 9:23 da manhã. O telefone tocava. Na cama, dormia uma rapaz magro. Era um comodo pequeno para tanta bagunça. O rapaz acorda em tempo de chegar ao telefone, mas não foi rápido o suficiente. Tropeçava em objetos que se espalhavam pelo chão. Um tênis. Um livro.  Uma lata. Roupas. Um dicionário. Pensava que só poderia ser uma pessoa que o ligaria em uma hora daquela. Discou o número e aguardou. No outro lado da linha uma voz sonolenta respondia:
- Alô? - disse
- Foi você quem ligou aqui agora? - perguntou o rapaz.
- Não, acabei de acordar.
- Ah...
O telefone foi desligado e ele ficou um bom tempo escutando o sinal de uma ligação perdida. Voltou para a cama. Sentia fome e fraqueza. O dia não começava bem. Não dormia bem, isso já era uma tradição. Em sua boca, sentia o gosto de todos os cigarros junto com o resto daquilo que se encontrava em seu estomago. Deitava e não pensava em levantar-se. Talvez para ir ao banheiro, mas sempre adiava a viagem que seria até lá. Preferia ficar ali prostado. A única coisa que o faria levantar com mais facilidade, seria para tomar um banho. Era a coisa que mais gostava de fazer. Entrava e fechava a porta. Era um banheiro pequeno, em forma de trapézio com duas luzes de cor amarela, de azulejos em cor marrom. Era confortável ali.  Ligava o chuveiro e ali ficava sentindo  a agua cair em seu corpo. Ali dentro pensava com mais clareza. Demorava o maior tempo possivel. Conseguia ordenar a maior parte de seus pensamentos vagos. Construía sonhos e fazia planos para o futuro. Talvez por que ali dentro, não hovesse futuro. É claro que não poderia ficar ali até o fim dos tempos. Então, pensar no futuro em um lugar onde ele não exista, era fácil. Desligava o chuveiro. Levantava-se do chão. Parava em frente ao espelho. Olhava seu reflexo. Não sabia dizer se era ele mesmo. Não conseguia dizer de quem era aquela forma que ali se apresentava. Isso era bom. Não queria ver seu rosto. Imaginava que poderia aparecer qualquer coisa. Ficava vários minutos, até que o vapor se dissipasse. E a água escorresse espelho a baixo. Encontrava ali, o rosto  que já conhecia. O seu rosto. Desviava o olhar e abaixava a cabeça. Agora, preferia abrir a porta e enfrentar a verdadeira realidade.   Abria a porta e arrepiava devido ao vento frio. Encarava toda aquela bagunça e pensava em arruma-la.  Voltava nu e deitava na cama. Arrumaria aquilo no dia seguinte, quando acordaria com o telefone tocando. Todos os seus dias, se baseavam na mesma rotina. Nem saberia ao certo dizer se o telefone  realmente tocava.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

n. 18

Da sacada via lá embaixo a garagem de número 18. Já passava da uma da manhã, no céu, pairava a ameaça de uma possível chuva, mas nada era certo. Lá em cima, poucas estrelas mostravam seu brilho. Fumava um cigarro e o ar-condicionado da pessoa de cima, começava a roncar. Não queria muito saber de nada, estava concentrado apenas na densa fumaça do cigarro que queimava suas narinas. Nesse breve período, só pensava nisso. Ali, ele se sentia livre. Acabava o cigarro. E era tragado de volta à realidade. O número 18 já não era tão interessante.

"Iràkiev"

- Ir a Kiev é craseado? - perguntou ele.
- Nossa, pensei que fosse uma palavra só. Irakiev.
- Não não. É uma frase. Kiév é uma cidade.
- Ah, sim. É craseado.
Não sabia ao certo por que havia pensado aquilo. "Ir à Kiév''. Passaram dois carros alinhados na rua. O vento estava frio. E ela disse:
- Porque esses carros estão alinhados assim?
Ele não respondeu. Mas naquela hora sentiu que eles não estavam alinhados. Não os carros. Sim aquilo que sentia por ela. Sentia que ele havia ficado lá no final da rua e ela, já estava no outro cruzamento. Todos os sinais que havia sentido nos ultimos dias vieram à tona. Era uma recusa por causa de uma blusa de frio. Era um trejeito  com as mãos. Era o chuveiro que não esquentava como devia. Era a pulseira, simbolo daquilo que sentia, que se desprendia de seu braço. Era um olhar vago. Era tudo que se acumulava nos ultimos dias. E que agora, por um milésimo de segundo fazia sentido. Como se tudo já estivesse escrito e nada que fizesse, fosse adiantar agora. Algo o confortava, pois conhecia como sua cabeça trabalhava, pendendo sempre ao pior. Mas mesmo assim, era por pouco tempo. A sentia distante. Mas ainda dentro de seu horizonte, como um sol que teima em se por. Era assim que se sentia ali. Tentava em vão, ignorar tudo isso que se acumulava e teimava em explodir. Fosse em raiva ou em tristeza. Teimava, pois era de sua natureza. Sim, ele lutaria. Mas o conhecendo de verdade, isso parecia inaceitável.  Sempre deixava tudo cair. Pensava em Kiev. Mas lá dentro de seu coração. Sabia que seria escusado ir até lá. Seu coração não batia no mesmo ritmo de antes. Uma parte dele não batia por seu corpo. Uma parte, estava alinhado com aquele que se encontrava ali ao seu lado. Sim, de nada adiantaria ir embora. Kiev, por mais distante que parecesse, não seria uma distância o suficiente para trazer ritmo àquele velho coração.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Prólogo

Ele nunca soube ao certo o que faria da vida. Ainda não sabe. Mas sabe o que teme. Temer. "Temores que vem e vão sem o menor aviso, que fazem prender a respiração, que matam". Como de costume, não é a primeira vez que escrevia sobre tais assuntos, que sempre foram relacionados a uma única pessoa. E é o principal motivo pelo qual escreve. Como se fosse  uma dívida a pagar. Inicia-se o jogo e diariamente tentaria por tudo pra fora, usando de cadernos inválidos, que sempre acabam incompletos e  largados em alguma gaveta empoeirada. Sempre foi o costume. Deixar tudo pelas metades, tudo pendente. Tudo tardio. Ele tem medo de ficar sozinho. De gritar e não ser ouvido. Mas nunca fez por onde. Nunca. Nunca moveu um dedo para evitar que o deixassem. Hoje, olhando-o de longe, nota-se que o desespero aflorou novamente, como sempre acontece. Como sempre foi o costume.