terça-feira, 19 de outubro de 2010

"Iràkiev"

- Ir a Kiev é craseado? - perguntou ele.
- Nossa, pensei que fosse uma palavra só. Irakiev.
- Não não. É uma frase. Kiév é uma cidade.
- Ah, sim. É craseado.
Não sabia ao certo por que havia pensado aquilo. "Ir à Kiév''. Passaram dois carros alinhados na rua. O vento estava frio. E ela disse:
- Porque esses carros estão alinhados assim?
Ele não respondeu. Mas naquela hora sentiu que eles não estavam alinhados. Não os carros. Sim aquilo que sentia por ela. Sentia que ele havia ficado lá no final da rua e ela, já estava no outro cruzamento. Todos os sinais que havia sentido nos ultimos dias vieram à tona. Era uma recusa por causa de uma blusa de frio. Era um trejeito  com as mãos. Era o chuveiro que não esquentava como devia. Era a pulseira, simbolo daquilo que sentia, que se desprendia de seu braço. Era um olhar vago. Era tudo que se acumulava nos ultimos dias. E que agora, por um milésimo de segundo fazia sentido. Como se tudo já estivesse escrito e nada que fizesse, fosse adiantar agora. Algo o confortava, pois conhecia como sua cabeça trabalhava, pendendo sempre ao pior. Mas mesmo assim, era por pouco tempo. A sentia distante. Mas ainda dentro de seu horizonte, como um sol que teima em se por. Era assim que se sentia ali. Tentava em vão, ignorar tudo isso que se acumulava e teimava em explodir. Fosse em raiva ou em tristeza. Teimava, pois era de sua natureza. Sim, ele lutaria. Mas o conhecendo de verdade, isso parecia inaceitável.  Sempre deixava tudo cair. Pensava em Kiev. Mas lá dentro de seu coração. Sabia que seria escusado ir até lá. Seu coração não batia no mesmo ritmo de antes. Uma parte dele não batia por seu corpo. Uma parte, estava alinhado com aquele que se encontrava ali ao seu lado. Sim, de nada adiantaria ir embora. Kiev, por mais distante que parecesse, não seria uma distância o suficiente para trazer ritmo àquele velho coração.

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