sexta-feira, 22 de novembro de 2013

"Qualquer bêbado sabe como o processo funciona: no primeiro dia que você se embebeda tudo bem, a manhã seguinte significa uma puta dor de cabeça mais isso é fácil de resolver com mais algumas doses e uma refeição, mas se você pula a refeição e vai para mais uma noite de bebedeira, e acorda disposto a continuar a farra, e segue até o quarto dia, vai chegar uma hora que as bebidas já não fazem mais efeito porque você está sobrecarregado de produtos químicos e você vai ter que dormir para passar mas você não consegue mais dormir porque foi o próprio álcool que fez você dormir nas cinco últimas noites, e aí começa o delírio - Insônia, suador, tremedeira, um sentimento gemebundo de fraqueza que faz os seus braços ficarem amortecidos e inúteis, pesadelos (pesadelos com a morte)... bom, tem mais sobre isso depois."
Era como tentar arrumar tudo no escuro, sem saber o que era o que, ou onde ia aquilo daí vinha a vontade de sair, de ir embora e nem voltar mais e entregar aquela bagunça a quem ela realmente pertencia. Todo mundo sabe que a casa do capeta não se arruma, pra quem só consegue tentar então era algo descabido. Mas como? Como prestar atenção em meio tanta desorganização, tantas pontas soltas... Aí tudo fica escuro mesmo e difícil de achar o que se perdeu há tempos. Assim a gente tropeça, esfola o nariz no chão e fica procurando sua dignidade ali, sua hombridade e tudo que você nunca teve. Tinha um verdadeiro buraco negro que sumia com tudo, até com o que nem existia mais, e ainda ontem eu pude jurar ver alguém saindo de meu banheiro.