quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O desenho e o leitor

Um jovem leitor recebeu certa vez um desenho. Feito em um papel retangular e em caneta preta. Não possuía uma forma certa. Era um desenho composto basicamente de rabiscos, curvas e detalhes minuciosos. Assustou o rapaz no princípio pela forma complexa e pela maneira que havia sido concebido aquele desenho. Ficava cabulando sobre o que aquilo representava, se aquele desenho era a  projeção do íntimo daquela garota silenciosa que sempre o acompanhava. E foi aí que achou aquilo tão bonito e complexo. E ali, aquele desenho o acompanharia para todo o sempre. Desde então, o desenho passou a fazer parte da vida daquele jovem leitor. Nunca havia conseguido manter um marca páginas por tanto tempo e nunca havia tido um tão bonito. O desenho entrou em cada livro que o rapaz leu. Ele sempre o carregava para onde fosse. A autora daquele desenho ficou distante e partiu.  Mas o desenho permanece. Ele faz com que o jovem a encontre em cada linha que lê. Do desenho emanava a existência e presença dela. Cada curva que ali se encontrava, naquele desenho confuso, cada volta, cada detalhe, criava uma ilusão de que ela voltaria. Mas ela sempre existirá naquele pedaço de papel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário