sábado, 20 de novembro de 2010

presente de aniversário

Fixando o chão eu caminhava em direção à minha casa. Deparo com dois pezinhos em minha frente.
- Me dá um real pra eu comprar um lanche.
Olho e vejo dois rostos sujos. Rotos devido à cruel situação em que se encontravam. Estaquei e fiquei sem saber como reagir. Enfiei a mão em meu bolso e tirei a carteira. Abaixei e me coloquei na mesma altura de ambos. Eram irmãos. Claúdio Júnior e  Pedro. 
- Você está triste tio? - perguntou pedro, o aniversariante.
- Sim. Você estuda, Pedro?
- Ahan, faço a primeira, segunda e terceira de uma vez só.
- Peguei esse dinheiro, mas me prometa que não sairá da escola. Meu irmão se chama Pedro e fez aniversário semana passada. 
- Hoje é meu aniversário. 
Então eu que nunca gostei de aniversários, falei que me abraçasse. Ele me abraçou e disse: 
- Deus te abençoe, tio. Não fiquei triste.
- Você tem sorte Pedro.
Não sei por que disse aquilo. Era evidente que ele não tinha sorte. Ele estava ali pedindo dinheiro pra comer ou pra fazer algo pior. Não podia o recriminar. Sua mãe observava com atenção, seus dois filhos conversarem com um estranho rapaz. Eles ficaram comigo uns cinco minutos.
- Eu não abracei meu irmão, Pedro. E te abracei.
- Que Deus te ajude, tio. 
- Eu preciso mesmo de ajuda.
- Eu senti isso. Posso te dar outro abraço?
Naquela hora, eu senti um nó tão apertado que me sentei no chão. Me abraçou e foi pra loja de conveniência. Me levantei e tomei o rumo de casa.  Acendi um outro cigarro e escutei um grito. 
- Tio, obrigado! 

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