sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

"Fazia frio naquela madrugada de verão. Durante o dia o calor era sufocante, as vezes  torna-se tão denso que quando as pessoas saiam de algum recinto fechado, sentiam o impacto quando apontavam na rua. Na praça rodeada de prédios, uma mulher de roupão rosa passeava com seu cão. Ela trazia algo preso à cabeça e um cigarro em seus lábios. O cão fazia suas necessidades. Escutou um estrondo em uma das portarias e um garoto saia correndo feito louco. O cão ficou intrigado, pronto para atacar e a mulher ficou impassivel. Observou a cena até que o garoto saísse do seu campo visual. Terminou seu cigarro. Esperou o cão estar pronto. E como já era acostumado com aquilo, já tomava o rumo de casa. ''Bom garoto", dizia a mulher. Entrou em sua portaria e lembrou-se do rapaz que corria. Antes da porta ser fechada por completo um grito rasgou a noite. Já devia passar das quatro da manhã. A mulher estacou. Sentiu um arrepio e tentou imaginar o que havia acontecido. Pensou no rapaz. Aquele grito não era de dor física. Ela tinha certeza daquilo. Talvez pela forma como tudo havia ocorrido até aquele momento. Olhou em direção a praça na espera de ver algo, mas nada... Nem sinais do rapaz. Pensou um pouco e viu que era perda de tempo pensar nisso. Que diferença faria  saber o que tinha acontecido? Nenhuma. Nenhuma relevância em sua vida. Sentia frio e fechou sua porta. Dentro de mais quatro horas estaria ali de novo "

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