quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Passos no andar de cima me inquietam, mas a força para levantar parece estar muito mais além, muito mais distante. Pouca luz entra pela persiana semi-aberta e só consigo distinguir os contornos dos móveis e objectos espalhados caoticamente por todo o espaço. É isso. Mais um dia finda ao começar, uma vez que sei que nenhuma mudança cairá aos meus pés. Me sinto afundar, há algo em minha cama que suga minhas forças todas as vezes que estiro meu corpo sedento por repouso. Pra onde vão?
Mais cedo, quando a lua lutava por destaque em meio ao paredão alaranjado, que nos últimos dias tem tomado conta do céu de meu sono inquieto, tive um pesadelo. Não cabe contá-lo aqui. Não quero sentir medo de morrer mais uma vez. Minha imaginação, quando quer, monta cenários fantásticos e bizarros. Queria saber de onde tudo isso.
Ontem estive vagando pela cidade, como já é costume e pela manhã decidi me aventurar em uma área assombrada da cidade. Um lugar afastado, onde as linhas limítrofes do conselho são visíveis mas não palpáveis. Cheguei de cabeça erguida e eis que o desfile começa! O cenário, por mais que me trouxesse à cabeça lembranças mortas fazia materializar os espectros do medo, da dor. Dantes o coração enlouquecia, o corpo todo se destrambelhava e ânsias fortíssimas assomavam e eu me rendia ao lado de vómito carnicento, com uma pedra na garganta. E chorava. Mas é passado e o passado não morre. Temos tempo de sobra a aprender a lidar com ele, com a soma de todas as merdas e existências perdidas que cruzam ao longo desse pelejar sem sentido. As cenas que se desenrolam hoje, já perderem a estranheza do passado, do antes, de quando eu não era eu, antes da mudança, antes do fim! Dizem que o mundo acaba agora, para mim ele acabou há anos.
Refazendo os caminhos de antigamente me senti bem. Vi como as coisas se encaixaram bem para todos. Vi a beleza da vida em meio à lama  vermelha do bosque.

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